sexta-feira, 22 de maio de 2015

Os dias e os louros

A reforma do sistema político português é uma miragem no deserto moral em que Portugal desidrata. Há diferenças de grau, mas a natureza não muda. Passa o tempo, mas não deixo passar o inaceitável elogio público do primeiro-ministro Pedro Passos Coelho a Dias Loureiro, em 30-4-2015, em Aguiar da Beira:
«O Manel Dias Loureiro, que há pouco vi aqui, e que ainda não tinha visto, e que cumprimento de uma forma muito amiga e muito especial, é um homem, que é aqui de Aguiar da Beira, mas que conheceu mundo. É um empresário bem-sucedido, viu muitas coisas por este mundo fora e sabe, como algumas pessoas em Portugal sabem também, que se nós queremos vencer na vida, se queremos chegar longe, se queremos ter uma economia desenvolvida, pujante, temos de ser exigentes, metódicos.» (Transcrição minha - a do Expresso está incompleta).
Uma vergonha.

Não há favor passado, eventualmente de financiamento eleitoral, que justifique estas palavras. Dias Loureiro ainda é arguido num processo entretanto autonomizado do caso BPN (desde julho de 2009!), que, segundo o DN, de 6-5-2015, a anterior coordenadora do DCIAP, Dra. Cândida Almeida, reteve, até ao fim do seu consulado, naquele departamento em vez de o enviar para investigação da Polícia Judiciária.

Homem ligado ao financiamento eleitoral no PSD, enquanto secretário-geral do partido e depois, ministro da Administração Interna ensombrado depois pela sua ligação ao negócio do SIRESP, mais tarde conselheiro de Estado nomeado por Cavaco Silva, quiçá em reconhecimento de apoio no financiamento das suas campanhas eleitorais, Manuel Dias Loureiro migrou descaradamente para o apoio público (veja-se o elogio «fervoroso» no lançamento de «O menino de ouro do PS», em 30-6-2008) ao amigo forjado nessas, e noutras, covas da Beira, José Sócrates, parceiro e protetor, com quem partilhava o advogado Daniel Proença de Carvalho, até recuar para Cabo Verde e Luanda.


Limitação de responsabilidade (disclaimer): Manuel Dias Loureiro, arguido desde julho de 2009, em processo conexo ao caso BPN, objeto das notícias dos média que comento, goza do direito constitucional à presunção de inocência até ao trânsito em julgado de eventual sentença condenatória.

11 comentários:

Anónimo disse...

Fait divers.
Se tomarmos isso à letra, quem poderá elogiar algum político no activo?
Então, nas cerimónias oficiais em que se elogia um PR cessante, como sucedeu no final dos mandatos de Soares e Sampaio, isso também pode ser considerado escandaloso?
Quando os responsáveis do PS na AR, fizeram o elogio de Sócrates e se afirmaram seus herdeiros, isso é escandaloso?
Quando as inúmeras vezes escutamos na tv elogios a Soares, isso é escandaloso?

Dou-lhe razão. A classe política saída de Abril é escumalha. Nem vale a pena enumerar as razões das quais se pode extrair esta conclusão.
Contudo, isolar o elogio circunstancial do Passos ao Loureiro não faz sentido.

Como diz o Jorgr Jesus, "Querem fazer do rapaz o bode respiratório."

Anónimo disse...

Não, Senhor.

O Professor Balbino Caldeira tem toda a razão. Só porque o Dias Loureiro é inscrito num partido mais à direita do espectro político, não faz dele um bom rapaz.

Temos que nos livrar do lixo, ainda que seja pegajoso, muito pegajoso.

Loureiro é do PSD, como poderia ser do PS, ou do CDS. Loureiro jamais seria do PC ou do Bloco. Loureiro quer estar, onde estão os negócios, as oportunidades.

Loureiro, esse lixo nauseabundo, foi o tal que um dia telefonou ao pai, dizendo, "pai, já sou ministro".

Muitos portugueses ingénuos, acreditaram em tempos, nesse lixo. Uma vez acordados, acordados para sempre.

Loureiro faz parte do Grande Partido Tuga, do Vara, do Sócrates, do Oliveira e Costa, do Isaltino, da Felgueiras, do Valentim, e de muitos outros que estão ainda hoje nas grandes cadeiras do poder.

Não há hipótese de branqueamento.

A gangrena em que Portugal se instalou, não deixará de existir, enquanto existir gente que acha que "os nossos pulhas são melhores que os pulhas dos nossos inimigos"!

Anónimo disse...

Em nada do que referi no comentário anterior, pode deduzir que sou favorável ao crime organizado que domina a política deste regime há 41 anos.
Básicamente, estou alinhado com as opiniões do prof. Caldeira, que muito admiro.
O que disse e reafirmo é que o elogio do Passos não pode ser mais nem menos escandaloso que os elogios que ouvimos diariamente a outros figurões com uma folha mais negra que o Loureiro, idolatrados na tv e que não merecem nem referência.
Por norma não aprecio indignações selectivas.
Neste país, as pessoas que não são de esquerda, sentem permanentemente a necessidade de lhe prestar vassalagem. Tratam com pinças os assuntos tabu. Porque neste país, ser de direita é estar contra os pobrezinhos, as criancinhas desamparadas, os velhos, o estado Social, defender os capitalistas, os exploradores, ser a favor da poluição do planeta, e mais um chorrilho de imbecilidades que dominam o espaço mediático.
É assim, que quem se assume de direita pretende sempre fugir destes ferretes e torna-se no mais feroz crítico em situações que à esquerda do espectro são banais e fazem parte do quotidiano. Mais, nem se discute a legitimidade dos entalados na Casa Pia estarem no hemiciclo e ocuparem cargos de Estado.
Este episódio ridículo foi empolado pela máquina propagandística do PS que controla a imprensa.
E, na minha opinião, o governo actual conseguiu que o poder judicial tenha readquirido a sua independência. Facto nada valorizado.
A linguagem dos actos é mais importante que a do discurso.

Quanto a "telefonar ao pai", parece que foi à mãe :)
E nada mais natural. A menos que o CPP criminalize, ou a celebrada ética republicana censure que se compartilhe os êxitos da vida com os parentes em 1º grau.

Anónimo disse...

Orwell explicou bem o conceito de "minoria de um". É preferível estar sózinho, do que amancebar-se com gente desquailificada. Tarde ou cedo, o lixo vai pelo esgoto. Pode e vai demorar. De outra forma, jamais Portugal sairá do lodo em que está. Todos se encontram com todos. Todos estão conspurcados, apenas porque se misturam com a porcaria. Tenho mais nojo de figurões como Adriano Moreira, ou Freitas do Amaral, do que de Jerónimo ou da Catarina Martins, que nem sequer existem! A dança vai ser muito longa. Décadas. Ou, simplesmente, a diluição, como aliás já aconteceu no passado da pátria.

Anónimo disse...

"Esta é uma diferença fundamental entre nós e a coligação da direita”, afirmou na quinta-feira à noite, durante um jantar comício com cerca de 800 pessoas, em Soure.

António Costa considerou que o PS “não anda de terra em terra a prometer facilidades”, porque “na vida política, na economia, nas finanças públicas, não há milagres”.

O líder socialista apontou qualidades vitais, como “rigor, seriedade, confiança”, e sublinhou que estas se encontram no seu partido."
http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=830684&tm=9&layout=123&visual=61

Dá para acreditar nisto?
Ahahahahaha!!!
Este tipo não existe. Ainda acaba no circo Cardinal a contracenar com o Batatinha.

Anónimo disse...

"Mas dois meses de Governo foi tempo suficiente para perceber que as contas não estavam certas. E foi por isso que a primeira medida foi a taxa sobre metade do subsídio de Natal, mas que seria mesmo assim insuficiente para cumprir a meta desse ano. A meta só foi atingida nesse ano com medidas extraordinárias.
Mas é importante dizer que a troika só aceitou essa medida extraordinária porque nos disponibilizámos para adotar outras: no Orçamento para 2012, o cancelamento progressivo do 13.º e do 14.º mês, para funcionários públicos e pensões. E por essa razão tivemos uma recessão mais cavada em 2012 do que teríamos tido se a situação de partida fosse mais próxima daquela que o Governo anterior tinha anunciado. Mas não era, era muitíssimo pior.
Devo dizer que a própria troika manifestou surpresa com esta situação. Quando se começou a fazer uma verificação exaustiva das condições orçamentais, com base nos dados da execução do orçamento que vinha de trás. Tivemos de nos comprometer com a troika a fazer uma reavaliação exaustiva de toda a despesa pública, de forma a poder encontrar medidas que nos dessem poupanças muito superiores – porque as necessidades eram maiores.
http://observador.pt/especiais/passos-coelho/

Uma pergunta ao PM: -Aldrabar as contas do Estado não é crime? Não é passível de uma denúncia ao MP?
Estranho país este.

Anónimo disse...

parece que o Sócrates vai ajudar o Costa na campanha, animando os comícios...

Anónimo disse...

"PSD, CDS e PCP rejeitaram hoje, na generalidade, o projeto do Bloco de Esquerda que pretendia legalizar o cultivo de canábis para consumo pessoal e criar um enquadramento legal para a existência de clubes sociais de canábis.
O diploma do Bloco de Esquerda teve o apoio de dez deputados socialistas: Maria Antónia Almeida Santos, João Paulo Pedrosa, Paulo Campos, João Galamba, Elza Pais, Vieira da Silva, Pedro Nuno Santos, Isabel Moreira, Pedro Delgado Alves e Gabriela Canavilhas."
http://www.sol.pt/noticia/393099

Já dá para ver quem anda metido na erva.
Estranha-se os Verdes terem optado pela abstenção, afinal trata-se de agricultura. Sinal que quem manda é o velho Jerónimo Il-Sung.

Anónimo disse...


O «projecto do projecto de programa eleitoral» do Toni Chamuças quer introduzir na área da política criminal «a possibilidade de cumprir pena contínua de prisão na habitação com vigilância electrónica, com possibilidade de saída para trabalhar”. E também quer “a garantia de protecção e defesa do titular de cargos políticos ou públicos contra a utilização abusiva de meios judiciais e de mecanismos de responsabilização como forma de pressão ou condicionamento”.

É preciso falta de vergonha na cara , se estes gajos ganharem as eleições vou pedir asilo político para a Dinamarca .

Anónimo disse...

http://sol.pt/noticia/393200

No fundo, não deixa de ser curioso que o autor reflecte, ao fim e ao resto, o sentimento dominante no PS quanto a José Sócrates: a ala costista ama de paixão José Sócrates enquanto político; sente-se orgulhosa do legado de José Sócrates como Primeiro-Ministro; no entanto, têm de refrear essa paixão para não perderem os votos dos portugueses, dadas as acusações gravíssimas imputadas a Sócrates.

Note-se que a gestão política de tudo isto envolvia o seu pequeno comité político constituído por Vieira da Silva, Pedro Silva Pereira e Almeida Ribeiro – por sinal (pelo menos os dois primeiros) fortemente ligados a António Costa.

Anónimo disse...

Dias Loureiro foi meu colega de turma em Coimbra. Na altura, dizia-se do MES e até rasgava bandeiras do PPD. Depois de se licenciar aderiu ao PPD e aí começou a sua " carreira de empresário". Viveu sempre à custa do Estado ou do Partido e da SLN. Banqueteou-se no BPN. À sua terra natal ia, talvez, na quadra natalícia, comer batatas com bacalhau. E a isto, chama o infeliz do 1º Ministro, um empresário de sucesso, provindo da interioridade. Coitado não sabe o que diz.